Resumo de texto
SALLA, Fernanda. Neurociência: Como ela ajuda a
entender a aprendizagem. Revista Nova Escola, São Paulo: Editora Abril, 2012.
n.253, p.48-55.
A emoção interfere no
processo de retenção de informação. É preciso motivação para aprender. A
atenção é fundamental na aprendizagem. O cérebro se modifica em contato com o
meio durante toda a vida. A formação da memória é mais efetiva quando a nova
informação é associada a um conhecimento prévio. Para você essas afirmações
podem não ser inovadoras, seja por causa da sua experiência em sala, seja por
ter estudado Jean Piaget, Lev Vigotsky, Henri Wallon, e David Ausubel, a
maioria da área da Psicologia cognitiva. A novidade é que as conclusões são
fruto de investigações neurológicas recentes sobre o funcionamento cerebral.
O avanço das
metodologias de pesquisa e da tecnologia permitiu que novos estudos se
tornassem possíveis. A Neurociência e a Psicologia Cognitiva se ocupam de
entender a aprendizagem, mas têm diferentes focos. A primeira faz isso por meio
de experimentos comportamentais e do uso de aparelhos como os de ressonância
magnética e de tomografia, que permitem observar as alterações do cérebro durante
o seu funcionamento. ’
Para a pesquisadora da
(FIOCRUZ), Evelyse dos Santos Lemos, “a Psicologia, sem desconsiderar o papel
do cérebro, foca os significados, se pautando em evidências indiretas para
explicar como os indivíduos percebem, interpretam e utilizam o conhecimento
adquirido”. As duas áreas permitem entender de forma abrangente o
desenvolvimento da criança. Sabemos, por exemplo, com base em evidencias neuro
científicas, que há uma correlação entre um ambiente rico e o aumento das
sinapses (conexões entre as células cerebrais). Como o professor pode
enriquecer o processo de ensino e aprendizagem usando as contribuições da
Neurociência?
Para o educador
Português António Nóvoa, Reitor da Universidade de Lisboa, responder à questão
é o grande desafio do século 21. “A estrutura educacional de hoje, foi criada
no fim do século 19. É preciso fazer um esforço para trazer ao campo pedagógico
as inovações e conclusões mais importantes dos últimos 20 anos na área da
ciência e da sociedade”, diz.
Ao professor, cabe se
alimentar das informações que surgem, buscando fontes seguras, e não acreditar
em fórmulas para a sala de aula, criadas sem embasamento científico. “A
Neurociência mostra que o desenvolvimento do cérebro decorre da integração
entre o corpo e o meio social. O educador precisa potencializar essa interação
por parte das crianças”, afirma Laurinda Ramalho de Almeida, professora do
programa de estudos Pós-Graduados em Educação, da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP), e especialista em Wallon.
“Da mesma forma que sem
fome não aprendemos a comer e sem sede não aprendemos a beber água, sem
motivação não conseguimos aprender”, afirma Iván Izquierdo. Estudos comprovam
que no cérebro existe um sistema dedicado à motivação e à recompensa. Quando o
sujeito é afetado positivamente por algo, a região responsável pelos centros de
prazer produz uma substância chamada dopamina. A ativação desses centros gera
bem-estar, que mobiliza a atenção da pessoa e reforça o comportamento dela em
relação ao objeto que a afetou.
Pesquisas
comportamentais e neurofisiológicas mostram que o sistema nervoso central só
processa aquilo a que está atento. Em estudo de Gilberto Fernando Xavier e
André Frazão Helene, do Instituto de Biociências da USP, publicado em 2006 na
revista Neurociense, um grupo de pessoas passou por um teste que avaliava o
desenvolvimento da habilidade de leitura de palavras espelhadas. Uma parte
delas treinou escrever, de maneira imaginária, palavras invertidas. Outra pôde
ler termos desse tipo. Depois, ambas conseguiram ler com rapidez palavras
espelhadas criadas pelos pesquisadores. Um terceiro grupo, enquanto treinava a
leitura e a escrita de termos espelhados, realizou outra tarefa de memorização
visual. Tanto a memorização quanto a aquisição da habilidade de leitura
invertida ficaram prejudicadas. Assim, comprovaram que, se o desvio de atenção
é significativo, a aquisição de habilidade e a memorização sofrem prejuízo.
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