Resumo
de texto
BULBOVAS, Patrícia. Síndrome de Asperger: Gênio ou Mito? Revista Ciranda da Inclusão, São
Paulo: Ciranda Cultural, 2011. n.22, p.08-10.
Quem passar apenas uma
tarde com João Vitor, vai notar que o seu comportamento oscila entre muita
agitação e momentos de introspecção total, quando ele parece se desligar do
mundo. Isso acontece porque João Vitor tem Síndrome de Asperger, um transtorno
no desenvolvimento que afeta o modo como ele entende e interage com as coisas e
pessoas.
A Síndrome foi descrita
pelo pediatra Hans Asperger, em 1944, em um artigo chamado Psicopatologia Autística na Infância, mas somente em 1994 teve os
critérios necessários para sua identificação definidos.
Quem tem Asperger pode
apresentar habilidades extraordinárias em certos assuntos, além de inteligência
rara e excelente memória. No âmbito do autismo, Asperger também é conhecida
como a Síndrome de gênio. Albert Einstein, Isaac Newton e Mozart são alguns dos
nomes citados nas várias pesquisas sobre o tema, como pessoas que tiveram a
Síndrome.
Outros aspectos, além
da questão da genialidade, precisam ser observados e levados a sério para que o
diagnóstico seja preciso e o tratamento adequado seja aplicado. “Realmente, em muitos casos, a pessoa tem
inteligência acima da média. Porém, é preciso tomar cuidado ao abordar a
Síndrome por esse aspecto, pois, pode parecer que é uma vantagem ter Asperger.
Na verdade, ela vem carregada de outras situações que dificultam o
desenvolvimento de quem a tem”, explica Marceli Rodrigues, Professora da
Rede Municipal de Ensino da cidade de Osasco (SP), que tem como aluno João
Vitor Pinheiro da Conceição, estudante do 4º ano do Ensino Fundamental.
João nasceu em 2002 e
foi diagnosticado com Asperger em 2006. A mãe, Halliany de Souza Pinheiro da
Conceição, começou a observar que ele se comportava de maneira diferente das
outras crianças, quando tinha três anos de idade. Como ele é o primeiro filho,
só notou a diferença na fase escolar, quando teve oportunidade de observá-lo
com outras crianças de sua idade. Ele repetia movimentos, como rodar várias
vezes a tampa da panela, ficava repetindo trechos de vídeos e não conseguia
manter contato nem com os olhos nem com a fala. Vários médicos foram
consultados, más, cada um falava uma coisa, até que um neurologista
diagnosticou o autismo do João Vitor.
Halliany é mãe de mais
um menino, o Daniel, de apenas 06 meses, e fala com entusiasmo do carinho com
que João Vitor trata o irmão, já que na ocasião do diagnóstico de autismo o
Neurologista foi taxativo em dizer que João perderia, gradativamente, o
interesse pelos pais e amigos, e que não demonstraria mais carinho por ninguém.
Para os pais não importaria se João Vitor perderia o interesse por eles e,
decidiram que ele seria coberto de amor a cada dia. O resultado é que ele
retribui com abraços e beijos inesperados.
Na escola, João também
tem se relacionado bem. Segundo as professoras, o aluno está bem integrado com
a classe. Quanto ao seu rendimento, as professoras comentam que é satisfatório,
e que ele se sobressai em língua portuguesa, apesar de fazer uso da oralidade
para demonstrar o que aprende e ter dificuldade em registrar manualmente as
coisas.
João aprendeu a ler aos
04 anos, e apresenta sinais de ouvido absoluto (tira as notas musicais sem
conhecê-las teoricamente). O menino nunca estudou em escolas especiais. Sua
experiência em uma escola infantil particular não foi boa, e então foi
matriculado na educação infantil da rede pública de ensino de sua cidade, onde
foi prontamente acolhido.
A Diretora da escola de
João Vitor, diz que o importante é perceber que dentro de suas limitações, o
aspie é uma criança que se desenvolve como qualquer outra na escola e que pode,
sim, ser integrado socialmente. A família precisa estar atenta e tratar o
assunto com naturalidade, sem fazer com que a criança se sinta diferente. Assim
como todas as crianças, o segredo é amar muito, porque elas são capazes de
sentir como qualquer outra pessoa.
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