Resumo
de texto
CERTEZA, Leandra Migotto. União de educadores: Possibilidade de inclusão. Revista Ciranda
da inclusão, São Paulo: Ciranda Cultural, 2010. n.09, p.04-07.
A inclusão escolar é um
processo de adequação das escolas públicas e particulares (em parceria com as
famílias, os alunos e a sociedade) para que todos os alunos possam receber uma
educação de qualidade, independente de etnia, gênero, idade, situação
socioeconômica, deficiência e/ou demais necessidades específicas. Para isso, as
instituições de ensino precisam adaptar suas instalações físicas; dispor de
recursos técnicos (como livros em Braille para alunos com deficiência visual) e
de comunicação (como intérprete da língua brasileira de sinais para alunos com
deficiência auditiva), tendo em vista que, segundo a lei federal n° 7.853/89 ,
não se pode recusar a matrícula de alunos com deficiência.
O Centro de Ensino São
José, na cidade de São Paulo, tem unidades de Educação Infantil e Ensino
Fundamental e Médio, nas quais estudam alunos com deficiência: uma ainda é
parcialmente acessível e a outra está sendo adaptada. Fundada , em 1978, por
Benedicta Gonçalves Pereira, em sua própria casa, a escola transformou-se, em
1982, no “Larzinho São José”. Em 1955, Marli Aparecida Pellegrini, uma das
filhas da fundadora, seu marido João Marcos Pellegrini e suas filhas assumiram
a propriedade e a direção da escola.
Era uma época em que o
antigo modelo da integração das escolas especiais ainda vigorava no país;
diferente de hoje em que todos os alunos devem estudar juntos, com a mesma
oportunidade de acesso, permanência e aproveitamento educacional, independente
de qualquer característica peculiar que apresente ou não. Dos 601 alunos
matriculados na escola, 16 possuem deficiência intelectual, além daqueles com
necessidades educacionais específicas, como dislexia. Porém, para a diretora,
Flávia Beillo Menaldo Cintra, 32 anos, não basta que os alunos estejam na sala
de aula. É necessário adaptar o currículo de acordo com as especificidades e
potencialidades de cada um.
A troca de experiências
e a interligação entre disciplinas e áreas de conhecimento é cada vez mais
frequente entre os educadores. O aluno com deficiência intelectual, Lucas
Guilherme Oliveira Batista da Silva, 14 anos, cursa o 7º ano do Ensino
Fundamental e realiza trabalhos interdisciplinares. “O professor de matemática e eu trabalhamos com ele os números do dia a
dia, pois sentimos a necessidade de abordar um tema que fosse interessante para
a sua vida principalmente fora da escola. E sempre que julgo necessário,
recorro à coordenação ou a outros colegas para trocarmos experiências e
reciclar os métodos pedagógicos”. Explica, Isabela Pintoni Moreira, 28
anos, Professora de Língua Portuguesa de Lucas.
Cada aluno tem forma e
ritmo de aprendizagem diferentes que são respeitados em uma sala de aula inclusiva, proporcionando aos
professores, o desenvolvimento de habilidades e estratégias educativas
adequadas às necessidades de cada um.
A aluna do 5º ano do Ensino Fundamental com deficiência intelectual,
Giovanna Simões Abud Calamandrei, 14 anos, aprende os mesmos conteúdos em todas
as disciplinas com uma linguagem simples. “Enquanto
os alunos sem deficiência discutem sobre a biodiversidade da Amazônia, por
exemplo, ela entende que lá tem muitos bichos e plantas diferentes. Em relação à
matemática, ensinamos o sistemas de numeração decimal, pois a aluna tem
dificuldades para escrever números a partir da centena. O conceito de divisão
será desenvolvido na medida em que houver a compreensão e o domínio da
multiplicação”, explica Laura Caselli Messias, 28 anos, professora de
Giovanna.
Rubens Cruz Ferreira, 49 anos, professor de Ciências, também adapta o
currículo para Lucas, mostrando o sentido prático do que pode ser utilizado em
seu cotidiano. O mesmo faz Maurício Esteves do Nascimento, 28 anos, professor
de história. “Usamos um livro específico,
que conta com textos sucintos e exercícios com enunciados objetivos para
facilitar a compreensão do Lucas na hora da leitura”, conclui.
Eduardo Costa, 43 anos,
professor de Teatro e Artes, explicou que existem alunos com deficiência com
autonomia para acompanhar o ritmo do grupo sem a menor dificuldade; esclarecem
dúvidas sempre que possível e são orientados pelos colegas durante as
atividades. “Trabalhamos a integração de
todos os alunos, com e sem deficiência, por meio de atividades em duplas e ou
em grupos. Raramente eles estão sozinhos. A razão é simples: muitos são
inibidos e, tendo um colega ao lado, a execução da atividade é certa. E nas
aulas seguintes eles começam a desinibir. As atividades mais apreciadas são as
a improvisações de pequenas cenas com o uso de figurinos e objetos cênicos“,
conclui o docente.
A parceria com as
famílias é uma das premissas do Centro de Ensino São José, PIS a troca de
informações, experiências e sugestões tem como objetivo garantir a confiança
entre educadores e pais. Para a diretora Flávia, alguns pais dos alunos com
deficiência podem criar uma expectativa de que o trabalho será fácil e não
acontecerão falhas, mas não há uma previsão de quando haverá progresso no
processo de inclusão, pois cada aluno possui um ritmo de aprendizagem que
sempre será respeitado.
As histórias dos pais
de Giovanna e Lucas são parecidas pelas conquistas observadas, porém diferentes
pela forma como conseguiram chegar até elas. Os pais dos dois alunos com
deficiência intelectual do Centro de Ensino São José contaram um pouco sobre as
dificuldades encontradas pelo caminho até os avanços dos filhos.
Esses dois casos são
exemplo de inclusão, de quem acredita que as pessoas com deficiência podem ser
protagonistas de suas vidas.
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