quinta-feira, 23 de maio de 2013


Resumo de texto

CERTEZA, Leandra Migotto. União de educadores: Possibilidade de inclusão. Revista Ciranda da inclusão, São Paulo: Ciranda Cultural, 2010. n.09, p.04-07.

A inclusão escolar é um processo de adequação das escolas públicas e particulares (em parceria com as famílias, os alunos e a sociedade) para que todos os alunos possam receber uma educação de qualidade, independente de etnia, gênero, idade, situação socioeconômica, deficiência e/ou demais necessidades específicas. Para isso, as instituições de ensino precisam adaptar suas instalações físicas; dispor de recursos técnicos (como livros em Braille para alunos com deficiência visual) e de comunicação (como intérprete da língua brasileira de sinais para alunos com deficiência auditiva), tendo em vista que, segundo a lei federal n° 7.853/89 , não se pode recusar a matrícula de alunos com deficiência.
O Centro de Ensino São José, na cidade de São Paulo, tem unidades de Educação Infantil e Ensino Fundamental e Médio, nas quais estudam alunos com deficiência: uma ainda é parcialmente acessível e a outra está sendo adaptada. Fundada , em 1978, por Benedicta Gonçalves Pereira, em sua própria casa, a escola transformou-se, em 1982, no “Larzinho São José”. Em 1955, Marli Aparecida Pellegrini, uma das filhas da fundadora, seu marido João Marcos Pellegrini e suas filhas assumiram a propriedade e a direção da escola.
Era uma época em que o antigo modelo da integração das escolas especiais ainda vigorava no país; diferente de hoje em que todos os alunos devem estudar juntos, com a mesma oportunidade de acesso, permanência e aproveitamento educacional, independente de qualquer característica peculiar que apresente ou não. Dos 601 alunos matriculados na escola, 16 possuem deficiência intelectual, além daqueles com necessidades educacionais específicas, como dislexia. Porém, para a diretora, Flávia Beillo Menaldo Cintra, 32 anos, não basta que os alunos estejam na sala de aula. É necessário adaptar o currículo de acordo com as especificidades e potencialidades de cada um.
A troca de experiências e a interligação entre disciplinas e áreas de conhecimento é cada vez mais frequente entre os educadores. O aluno com deficiência intelectual, Lucas Guilherme Oliveira Batista da Silva, 14 anos, cursa o 7º ano do Ensino Fundamental e realiza trabalhos interdisciplinares. “O professor de matemática e eu trabalhamos com ele os números do dia a dia, pois sentimos a necessidade de abordar um tema que fosse interessante para a sua vida principalmente fora da escola. E sempre que julgo necessário, recorro à coordenação ou a outros colegas para trocarmos experiências e reciclar os métodos pedagógicos”. Explica, Isabela Pintoni Moreira, 28 anos, Professora de Língua Portuguesa de Lucas.
Cada aluno tem forma e ritmo de aprendizagem diferentes que são respeitados em uma sala de aula inclusiva, proporcionando aos professores, o desenvolvimento de habilidades e estratégias educativas adequadas às necessidades de cada um.
A aluna do 5º ano do Ensino Fundamental com deficiência intelectual, Giovanna Simões Abud Calamandrei, 14 anos, aprende os mesmos conteúdos em todas as disciplinas com uma linguagem simples. “Enquanto os alunos sem deficiência discutem sobre a biodiversidade da Amazônia, por exemplo, ela entende que lá tem muitos bichos e plantas diferentes. Em relação à matemática, ensinamos o sistemas de numeração decimal, pois a aluna tem dificuldades para escrever números a partir da centena. O conceito de divisão será desenvolvido na medida em que houver a compreensão e o domínio da multiplicação”, explica Laura Caselli Messias, 28 anos, professora de Giovanna.
Rubens Cruz Ferreira, 49 anos, professor de Ciências, também adapta o currículo para Lucas, mostrando o sentido prático do que pode ser utilizado em seu cotidiano. O mesmo faz Maurício Esteves do Nascimento, 28 anos, professor de história. “Usamos um livro específico, que conta com textos sucintos e exercícios com enunciados objetivos para facilitar a compreensão do Lucas na hora da leitura”, conclui.
Eduardo Costa, 43 anos, professor de Teatro e Artes, explicou que existem alunos com deficiência com autonomia para acompanhar o ritmo do grupo sem a menor dificuldade; esclarecem dúvidas sempre que possível e são orientados pelos colegas durante as atividades. “Trabalhamos a integração de todos os alunos, com e sem deficiência, por meio de atividades em duplas e ou em grupos. Raramente eles estão sozinhos. A razão é simples: muitos são inibidos e, tendo um colega ao lado, a execução da atividade é certa. E nas aulas seguintes eles começam a desinibir. As atividades mais apreciadas são as a improvisações de pequenas cenas com o uso de figurinos e objetos cênicos“, conclui o docente.
A parceria com as famílias é uma das premissas do Centro de Ensino São José, PIS a troca de informações, experiências e sugestões tem como objetivo garantir a confiança entre educadores e pais. Para a diretora Flávia, alguns pais dos alunos com deficiência podem criar uma expectativa de que o trabalho será fácil e não acontecerão falhas, mas não há uma previsão de quando haverá progresso no processo de inclusão, pois cada aluno possui um ritmo de aprendizagem que sempre será respeitado.
As histórias dos pais de Giovanna e Lucas são parecidas pelas conquistas observadas, porém diferentes pela forma como conseguiram chegar até elas. Os pais dos dois alunos com deficiência intelectual do Centro de Ensino São José contaram um pouco sobre as dificuldades encontradas pelo caminho até os avanços dos filhos.
Esses dois casos são exemplo de inclusão, de quem acredita que as pessoas com deficiência podem ser protagonistas de suas vidas.


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